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sábado, 30 de agosto de 2014
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
Importância da Expressão Corporal em Arteterapia
A primeira experiência de
comunicação do ser humano é sensorial. Ainda no ventre materno, recebemos
estímulos que desencadeiam em nós uma série de reações. Ao nascimento, o
primeiro contato com o mundo se dá pela pele, pelo tato. Nesse período, criamos
vínculos, experimentamos sensações, preparamo-nos para nos tornarmos seres
independentes no futuro, capazes de desenvolver formas cada vez mais
especializadas de comunicação. Porém, a linguagem corporal continua sendo de
fundamental importância para uma vida sadia; não há como desfazer os laços que
unem o homem a esta forma primeira de comunicação. Em arteterapia, as
experiências sensoriais e a linguagem corporal são duas formas de expressar o
simbólico.
O homem é um ser social,
um ser de relações que, desde a Pré-História, procurou desenvolver meios de
comunicar-se para atender às suas necessidades de sobrevivência. Ao longo do
tempo, a comunicação do homem primitivo, que antes era feita por meio de gestos
e dos ritmos da natureza, aperfeiçoou-se, configurando-se em linguagens.
Nesse sentido, a
linguagem, produto da inteligência e da subjetividade humana, faz-se presente
para representar simbolicamente o ausente, por meio de respostas imediatas às
estimulações perceptivas, ou de representações convencionais e arbitrárias.
Podemos afirmar que a
prática simbolizadora é expressão da subjetividade e da consciência humana. Símbolos
são ferramentas da mente, que usamos desde os primórdios, nem sempre de maneira
convencional.
De acordo com SEVERINO
(1992), a consciência subjetiva é um fator antropológico, dado o seu poder de
intervenção na atividade produtiva e social dos homens. Possui finalidades
pragmáticas, no sentido de estar ligada aos mecanismos de sobrevivência, mas
também está associada à representação simbólica de todos os aspectos da
realidade.
A experiência subjetiva do
homem é uma sensibilidade intelectual e racional, mas também valorativa, ética,
estética, religiosa etc. Toda produção decorrente dessa atividade subjetiva se
expressa objetivamente por meio de bens culturais, de natureza simbólica, como
a linguagem – sistema simbólico de comunicação – e a arte – expressão
objetivada da sensibilidade estética.
Assim, a prática simbolizadora
está em trazer “para fora” o que se sente, com a utilização de recursos
expressivos, de símbolos que permitem uma comunicação de níveis mais profundos
com a consciência.
A Arteterapia surge, então, para utilizar a
força da experiência criadora como forma de autoconhecimento e de transformação
do ser humano. Por meio da leitura dos produtos da expressividade do indivíduo,
busca auxiliá-lo a encontrar o equilíbrio entre o fazer, o agir e o pensar.
Desse modo, a criatividade
ocupa posição central entre a arte e o processo terapêutico, pois o fazer criativo
fornece a base para a leitura do que pode ser transformado. O fazer criativo vai
além do cotidiano e do social; passa para o transpessoal, o universal e o
espiritual.
O fazer criativo sempre estará carregado da
subjetividade de quem o exerce, e a expressará em plenitude através dos
diversos símbolos empregados nas imagens que surjam. Desta forma, através de
uma observação mais cuidadosa, possibilitada pela relação terapêutica, as
construções e criações reveladas constituem-se em meios de autoconhecimento
que, bem compreendidos, podem auxiliar no desenvolvimento do ser (COUTINHO,
2005, p.44).
De acordo com COUTINHO (Op.
cit.), a criação artística, de fato, ajuda o indivíduo a reforçar seus aspectos
saudáveis. Abre as portas da sensibilidade, possibilitando a construção de
meios para a transformação pessoal.
Mas antes de partir para a
criação artística, é necessário que o arteterapeuta favoreça ao indivíduo um
contato consigo para poder externalizar o sentimento que proporcionará a
transformação. A expressividade espontânea, antes das artes, está na linguagem
corporal. O corpo também é um canal de comunicação entre consciente e
inconsciente, tornando-se fundamental o reconhecimento da consciência corporal,
a partir da qual se obtém maior domínio do corpo e do espaço e, por
conseguinte, maior segurança.
Para WEIL & TOMPAKOW
(1986), o homem é programado para perceber e discernir, mas o hábito de atentar
para as ferramentas-símbolo (palavras) afastou-o da percepção consciente do
“aqui e agora”.
Sintomas físicos e
emocionais são um chamado do inconsciente, e a ausência de um contato mais
íntimo consigo pode levar o indivíduo ao adoecimento. O corpo fala, e é preciso
reconhecer essa linguagem.
“Pela linguagem do corpo,
você diz muitas coisas aos outros. E eles têm muita coisa a dizer para você.
Também nosso corpo é antes de tudo um centro de informações para nós mesmos. É
uma linguagem que não mente...” (WEIL & TOMPAKOV, 1986, p.7).
A linguagem do corpo
expressa nossos pensamentos, nossas emoções e nossas reações instintivas. Podemos
observar o estado emocional de uma pessoa lendo a sua expressão corporal. Trata-se
de perceber em vez de apenas olhar.
WEIL & TOMPAKOW (Op.
cit.) afirmam que um simples movimento de cruzar e descruzar os braços em
determinada situação pode ser um gesto inconsciente, relacionado com o que se
passa no íntimo das pessoas. Nossa linguagem corporal anseia por afirmar o
nosso “eu”. O homem não consegue esconder sua linguagem inconsciente, e
percebê-la é de grande importância para que as pessoas se compreendam melhor e
se relacionem melhor.
Os gestos também fazem
parte da expressão artística, o que se pode observar com mais nitidez nas
crianças. Seus movimentos, ao produzir os primeiros rabiscos, vêm carregados de
conteúdos e de significações simbólicas.
Quando desenha no papel, objeto que existe
fora dela, a criança interage com ele, com o lápis, a cor, o chão, a parede,
ligando a sua ação com os mais diversos movimentos corporais: exclama, canta,
balança-se ou até manifesta o silêncio. A criança promove uma comunhão entre
ela e o meio; entre ela e o cosmos. A propriedade que a criança estabelece com
os seres, com os objetos, com as situações, depende da intensidade afetiva, do
tônus energético que ela mantém como qualidade de relação com o mundo.
Tal como o instrumento é o prolongamento da
mão, o mundo é o prolongamento do corpo. A relação física sensorial que a
criança estabelece com o desenho possibilita a experiência de novas realidades (DERDYK,
2003, p.60).
Ao longo do tempo, têm
sido desenvolvidos métodos e técnicas que conseguem mudar muitos de nossos
estados emocionais, e até atingir a estrutura da nossa personalidade: a Arteterapia
é uma delas.
BAPTISTA (2003), no
entanto, afirma que expressão corporal é pouco utilizada pelos arteterapeutas
em detrimento de outras formas expressivas, porém é um dos canais mais
expressivos da Arteterapia, abrangendo uma infinidade de técnicas e de
propostas, como o toque, a massagem e o movimento, por exemplo.
Para a autora, o trabalho
corporal pode ser o fio condutor do processo terapêutico, uma vez que corpo e
mente estão sempre ligados; processos psíquicos e biológicos se processam no
corpo..
As primeiras vivências do
ser humano estão relacionadas aos aspectos sensoriais, ficando registradas em
nossa memória corporal. A pele é o maior órgão do corpo humano, e também possui
papel importante no desenvolvimento do homem, pois o tato é o primeiro sentido
a se desenvolver.
A pele, portanto, é o
primeiro veículo de comunicação do ser com o mundo, proporcionando acesso às
demais linguagens.
“(...) no tempo dos nossos
ancestrais, a ‘consciência’ humana formou-se a partir do relacionamento
sensorial da nossa pele com o mundo exterior” (JUNG, apud BAPTISTA, 2003).
A consciência corporal
facilita a assimilação do mundo interior e exterior. “A expressão corporal fala
para além das palavras, trazendo uma ponte direta para o universo do imaginário
e simbólico. É do movimento espontâneo que nasce o arsenal simbólico de cada
um” (BATISTA, 2003).
O trabalho corporal em Arteterapia,
assim como a observação da forma dos movimentos naturais, permite a
transformação dos símbolos trazidos do gesto para o concreto – expressão
artística.
Embora o ser humano esteja
dominando cada vez mais as novas tecnologias, e desenvolvendo meios de
comunicação mais complexos e eficazes, não há como despojar-se do homem
primitivo e seu sistema de comunicação. Embora muitas vezes procuremos nos
apoiar em linguagens e gestos convencionais, nosso corpo é reflexo daquilo que
somos e das experiências que trazemos.
Tornar-se ciente do corpo
e das suas operações equivale a tornar-se ciente da alma, fazendo que o sujeito
mergulhe profundamente em si próprio, de onde emergem, por meio da Arteterapia,
tanto as impressões deixadas no em seu corpo, quanto os produtos concretos da
subjetividade (gestual, figurativo, sonoro etc.).
Referências
bibliográficas
ARNHEIM, Rudolf. Arte e percepção visual. São Paulo: Pioneira, 1998.
ARCURI, Irene Gaeta. Arteterapia de corpo & alma. São
Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.
BAPTISTA, Ana Luísa. “Expressão
Corporal na Prática da Arteterapia”. Disponível em: http://www.cebrafapo.com.br/artigo-expressao-corporal.htm. Acesso em 31 mar. 2008.
COUTINHO,
Vanessa. Arteterapia com crianças.
Rio de Janeiro: WAK, 2005.
DERDYK, Edith. Formas de pensar o desenho: o desenvolvimento do grafismo infantil.
3. ed. São Paulo: Scipione, 2003.
DONDIS, Donis A. Sintaxe da linguagem visual. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes,
2002.
SANTAELLA, Lucia. Matrizes da linguagem e pensamento. São Paulo: Iluminuras, 2001.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Filosofia. São Paulo: Cortez, 1992.
URBEN, Maria da Glória Medeiros. “A
dinâmica da expressividade e de trabalhos dirigidos no contexto
artístico-terapêutico”. In: Arte-Terapia:
Reflexões. São Paulo: Sedes Sapientiae, 2004.
WEIL, Pierre; TOMPAKOV, Roland. O corpo fala: a linguagem silenciosa da
comunicação não-verbal. 38. ed. Petrópolis: Vozes, 1986.
Autora:
Juliana de Cássia Ribeiro - Possui graduação e licenciatura plena em Letras - Português/Inglês e especialização em Educação a Distância e Arteterapia. Tem experiência na área de Letras, Educação de Jovens e Adultos, Educação Profissional e Tecnologia Educacional, com ênfase em preparação e revisão de textos, produção de materiais didático-pedagógicos e avaliações, design instrucional, tutoria em cursos on-line e formação de educadores.
Marcadores:
Arteterapia,
capacidades expressivas,
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segunda-feira, 10 de setembro de 2012
A Emoção e o Desenvolvimento das Capacidades Expressivas
Wallon (1975) considera que a função principal das emoções encontra-se no desenvolvimento das capacidades expressivas, no estudo do não-verbal, nas posturas sinais, como as mímicas dos bebês que chamaram sua atenção. Neste sentido, renovou as teorias da emoção e da motricidade, pois considera a função tônica a mais arcaica atividade muscular do homem.
Para Galvão (2000) Wallon atribui muitas significações ao
ato motor. Além do seu papel na relação com o mundo físico (motricidade de realização), o movimento tem um papel fundamental na afetividade e também na cognição. Um dos traços originais desta perspectiva teórica consiste na ênfase que dá à motricidade expressiva, isto é, à dimensão afetiva do movimento[...] (Galvão, 2000, p. 69)
Na teoria walloniana o movimento, antes de agir no meio
físico, atua sobre o meio humano, mobilizando as pessoas através das emoções, principalmente na primeira fase. Podemos dizer que o movimento é o testemunho da vida psíquica antes da fala, da palavra, pelo nível ex pressivo que proporciona. Wallon (1995) explica que a primeira função do movimento no desenvolvimento infantil é afetivo, onde a criança recorre aos gestos e posturas para completar a expressão, uma vez que o gesto precede a linguagem verbal.
Buhler (apud Wallon, 1995, p.141) afirma que: “[...] o sorriso é de fonte puramente humana e que só se produz em presença de um rosto”, portanto, há necessidade da troca como aceitação e aprovação do outro.
O tônus, além de um estado tenso e necessário à execução da contração muscular, é também atitude e postura. A partir disto, o autor identifica duas funções, a cinética e a tônica, como atividades musculares fundamentais, sendo a primeira “cinética”, responsável pelos movimentos visíveis dos músculos que servem a postura, e a “tônica”, responsável pelos músculos parados na posição assumida
pelo sujeito, isto é, pela atitude e pela mímica. A função tônica não é uma função estática, ela varia de acordo com a carga emocional ou do movimento. [...] “A atividade tônica é a matéria de que são feitas as emoções. Esta atividade é produto da relação imediata do movimento e da sensibilidade” (Wallon, 1999, p.14). O papel do tônus
estabelece critérios para classificação sendo: emoções hipotônicas que reduzem o tônus e emoções hipertônicas geradoras do tônus.
Destas situações, podemos perceber e distinguir o caráter penoso e o prazeroso das situações vivenciadas pelos sujeitos.
Outro aspecto a ser abordado é a imitação e a representação
que revelam as origens motoras do ato mental, sendo que este é projetado nos atos motores. Mais uma vez observa-se uma totalidade humana, ou seja, todos os aspectos do desenvolvimento estão interligados, agindo e influenciando no outro. A medida que a dimensão cognitiva do movimento aumenta, a criança começa a agir sobre a realidade exterior, aumentando também sua autonomia,
o que, consequentemente, diminui a sua dependência do adulto.
A emoção, portanto está intimamente ligada ao movimento do ser humano (atividade próprioplástica), devido ao seu caráter de plasticidade corporal. De acordo com Wallon (1986), exteriorizando as alterações emocionais o ser humano torna-se visível ao outro.
As emoções podem ser consideradas, sem dúvida, como origem da consciência, visto que exprimem e fixam para o próprio sujeito, através do jogo de atitudes determinadas, certas disposições específicas de sua sensibilidade. Porém, elas só serão o ponto de partida da consciência pessoal do sujeito por intermédio do grupo, no qual elas começam por fundi-lo e do qual receberá as fórmulas diferenciadas de ação e os instrumentos intelectuais, sem os quais lhe seria impossível efetuar as distinções e as classificações necessárias ao conhecimento das coisas e de si mesmo.(Wallon, 1995, p.64).
As atitudes e posturas entre adultos e crianças é o que vai
modelando seus primeiros modos de expressão: de bem estar, de mal estar, de necessidades, formando atitudes que constituem as emoções, consideradas uma forma de linguagem na atividade muscular. As relações que o adulto-professor e a criança-aluno vivenciam no cotidiano da escola poderão, pois, suscitar atenção, principalmente no que se refere a competência do adulto-professor em se apropriar deste tipo de conhecimento que poderá favorecer a reflexão sobre o seu ser e fazer cotidianamente.
A psicogenética walloniana identifica alguns campos que
concentram a diversidade das funções psíquicas; são campos funcionais onde a afetividade, a inteligência e o ato motor se distribuem nas atividades infantis que de princípio são pouco diferenciados e aos poucos vão adquirindo independência. A distinção entre o eu e o outro somente ocorre de forma progressiva e através das interações sociais.
O autor esclarece que a construção do eu corporal, por exemplo, acontece pelas interações com os objetos e com seu próprio corpo, pois os bebês não diferenciam-se de outros objetos. Através da interação destes com o meio, pela convivência e descobertas, vão se apropriando do conhecimento e de si mesmos. Se, por um lado, a formação do eu corporal é tão importante para a construção da personalidade da criança, por outro, é condição para a construção do eu psíquico, pois, neste período, a criança encontra-se num estado de sociabilidade sincrética, misturando a sua personalidade a dos outros, sendo que a criança não consegue ver de forma autônoma a personalidade das outras pessoas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
WALLON, H. Alternâncias funcionais. A evolução psicológica da criança.
Lisboa/Portugal: edições 70, 1995.
______. Origens do caráter da criança. São Paulo: Nova Alexandria, 1995.
______. Origens do pensamento na criança. São Paulo: Manole,1989.
______.. Psicologia e educação da infância. Lisboa: Estampa,1975.
WEREBE & NADEL-BRULFERT (org.) Wallon. São Paulo: Ática, 1999.
http://www.direcionaleducador.com.br/edicao-18-jul/06
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